quinta-feira, 25 de agosto de 2011

VOCÊ SE SENTE VELHO?


Aos 92 anos de idade, Gladys Burril estabeleceu um novo Recorde Mundial do Livro Guinness como a mulher mais velha a completar uma maratona.
Gladys Burril, apelidado de “Glady-adora”, completou os 42.195 metros da Maratona de Honolulu, Havaí em 9 horas 53 minutos e 16 segundos em 12 de dezembro de 2010. Os juízes do Guinness, o Livro dos Records anunciaram oficialmente a seu feito no dia 7 de abril.
Burril, que tem 92 anos e 19 dias de idade, já fez de tudo um pouco nessa vida: pilotou aviões multi-motores, escalou montanhas, fez caminhadas pelo deserto e na neve. Ela começou a participar de maratonas com 86 anos, concluindo suas quatro primeiras maratonas de Honolulu caminhando rapidamente, no estilo da competição olímpica da marcha atlética.
Embora ela não tenha conseguido completar a maratona de Honolulu correndo nas duas tentativas anteriores – quando tinha 90 e 91 anos – ela terminou com êxito a maratona de 2010, estabelecendo um novo recorde mundial de mulher mais velha a correr uma maratona.
Burril atribui seu sucesso e sua notável resistência ao pensamento positivo. “A idade é apenas um número”, garante.

terça-feira, 19 de abril de 2011

MARC HERREMANS - "Quando a sua realidade muda, seus sonhos não precisam mudar também."




No outono de 2001, Marc Herremans surpreendeu o mundo com seu 6º lugar no Mundial de Ironman em Kona, Havaí. Herremans, no entanto, não ficou surpreso e disse que estava pronto para chegar ao topo do pódio.

Mas, no dia 28 de janeiro de 2002, a vida de Herremans mudou drasticamente. Em um treino de ciclismo com seu técnivo Dirk Gossum, em Lanzarote, Herremans perdeu o controle da bike e despencou por uma encosta rochosa, cortando o cordão espinhal entre as vértebras torácicas 5 e 6.

''Em questão de segundos minha vida foi arruinada'', disse Herremans. ''Tudo que eu tinha trabalhado para vencer um dia o Ironman do Havaí foi em vão. O resto era menos importante. Agora, com apenas 27 anos, já não era mais possível. Minha vida acabou.'' Isto, ele pensava na época...

Mas a vida dele não tinha acabado e, depois de alguns meses de negação e frustração, Herremans voltou ao ''trabalho'', focado retornar a Kona, desta vez em uma cadeira de rodas. Ele voltou depois de terminar em 3º, em 2003 e 2004; segundo em 2005; e foi campeão em 2006.

"Quando a sua realidade muda, seus sonhos não precisam mudar também."





quarta-feira, 13 de abril de 2011

Tony Melendez - "Há um mundo inteiro só esperando a sua mão dizer sim"








Tony Melendez nasceu na Nicarágua, América do Sul. Ele era uma das cerca de 5000 "crianças da Talidomida", uma droga que as grávidas tomavam por causa dos enjôos matinais, o que fez com que ele nascesse sem os dois braços, e hoje é músico consagrado nos Estados Unidos da América, para onde se mudou com seus pais com um ano de idade, em busca de ajuda médica para corrigir um defeito num dos pés.
Mas Tony não deixou que a falta dos braços o impedisse de viver. E viver com alegria. Lá, ele era uma criança como qualquer outra, que brincava, se divertia... Só que sem os dois braços, porque ele, de livre vontade, escolhe deixar de usar as próteses dos braços, por o fazerem sentir diferente do que ele era.
Ao contrário do que talvez fosse de esperar numa criança que os outros meninos evitavam, por ser diferente, Melendez diz que a sua infância não teve nenhuma dificuldade em particular...
Jamais permitiu que a limitação física lhe tirasse o prazer de cantar. Desde muito pequeno começou a tocar algumas notas musicais com os pés e logo descobriu que poderia afinar a guitarra de forma a atender sua necessidade.
Aos 18 anos Tony já tocava e cantava em eventos especiais, e fazia sucesso. Mas ele não canta, apenas. É compositor também.
Aos 25 anos, Tony teve a oportunidade de tocar sua guitarra com os pés e cantar para milhares de jovens, na presença do papa João Paulo II, na cidade de Los Ângeles, no ano de 1987.
Um disco giratório junto aos pedais do veículo também foi a solução para que Tony pudesse dirigir seu próprio automóvel, fazendo uso dos pés.
E é assim que Tony Meléndez supera suas limitações, fazendo o que muitos acham impossível, sempre com muito amor e a sua família: esposa e dois filhos adotivos.

Numa entrevista o jornalista lhe perguntou: “Como tem sido sua vida sem suas mãos?”

E Tony respondeu, sempre bem-humorado: “Eu não conheço as mãos, pois não as tive. Nunca tive esse dom de poder mover um dedo, de segurar um telefone, um lápis. Meus pés sempre foram meus dedos, minhas mãos”.
Ao final da entrevista, o jornalista lhe perguntou: “Que mensagem você daria àqueles que têm algum problema e que estão tristes?”
“Eu digo a mesma coisa para quem não tem e para quem tem tudo: não deixem a fé ir embora de seus corações, pois às vezes temos momentos em que ninguém pode nos ajudar.”
E para desafiar suas próprias potencialidades, Tony escreveu um livro autobiográfico, intitulado “A gift of hoppe” (um presente de esperança), e tem vários CD´s gravados, tendo se apresentado em 28 países.
Para finalizar, ouçamos alguns conselhos desse músico sem braços:

"Eu vejo uma pessoa como você que tem os braços, as pernas, que tem tudo, dizer: não posso, não posso.

Sim, pode; sim, pode!

Quando as pessoas me perguntam onde estão os milagres, eu sempre digo: eu vejo a mão. E quando alguém levanta a mão, para mim isso é um milagre.

Por favor, não me digam que não podem, não me digam que não podem porque vocês, vocês, podem fazer muito, muito mais.

Levantem-se e digam: eu quero, eu posso, eu vou seguir adiante.

Há um mundo inteiro só esperando a sua mão dizer sim."

E, quando tudo parecer impossível, lembre-se que basta apenas dizer: “Eu quero! Eu posso, eu vou seguir adiante.”



terça-feira, 29 de março de 2011

HERBERT VIANNA - TRAGÉDIA VERSUS SUPERAÇÃO


Herbert Vianna é mais um grande exemplo de superação, de força de vontade, de não ficar preso a sua difícil condição, de dar a volta por cima. No fatídico 04 de fevereiro de 2001, Herbert sofreu um acidente aéreo em Mangaratiba, RJ, o ultraleve que pilotava caiu no mar, na Baía de Angra dos Reis, a esposa de Herbert, a inglesa Lucy morreu, Herbert foi resgatado por vários pescadores, ficou internado por 44 dias, grande parte deles em coma, ficou paraplégico e perdeu parte da memória, mas, gradualmente foi retomando sua brilhante carreira,voltando aos palcos e aos estúdios, gravou 4 discos após o acidente, ” LONGO CAMINHO (2002 )”, “UNS DIAS AO VIVO” ( 2004), ” HOJE” ( 2005 ) e ” BRASIL AFORA”  ( 2009 ).




O mais impressionante na recuperação do músico foi a não perda da memória musical dele, a perda de memória que ele teve foi a de coisas do cotidiano e algumas lembranças do passado, mas, a memória musical dele estava intacta, Herbert não havia esquecido nenhuma nota, nenhum acorde, nenhuma letra de música, nada e isso ajudou e muito na retomada da sua carreira.
A lembrança dos 10 anos de seu acidente não se trata de nenhuma morbidez, pelo contrário, trata-se de uma maneira de enxergarmos que por mais que existam dificuldades, obstáculos a serem superados, mais e mais devemos lutar para supera-los, o exemplo de Herbert Vianna, que perdeu a capacidade de andar, perdeu a esposa e nem por isso se entregou ao amargor da vida, a autopiedade, a depressão é um exemplo para todos nós.

segunda-feira, 21 de março de 2011

A Incrível historia de Harriet Jenkins


Uma professora inglesa, de 25 anos, Harriet Jenkins, mostra com orgulho como a determinação a transformou numa outra mulher. Depois de 18 meses de total mudança de hábitos, alimentando-se de maneira saudável e fazendo exercícios, ela conseguiu perder metade de seu peso e hoje veste 10 números abaixo de seu figurino anterior. Ela chegou a pesar, no auge da obesidade, 168 kg. Em vez de biscoitos e doces, ela deu preferência a frutas, legumes e vegetais. A incrível história de Harriet foi publicada no site do jornal Daily Mail. O que torna a mudança mais surpreendente é que esse resultado não foi alcançado com a ajuda de uma cirurgia.

“Minha vida é completamente diferente agora. Conquistei coisas que jamais imaginaria possíveis, como meu sonho de me tornar professora. Não é só porque eu pareço outra pessoa e peso menos, mas também porque me sinto mais confiante e, finalmente, estou contente co0migo mesma. Estou tão orgulhosa de ter reassumido o controle sobre minha vida…Não acredito que me sentiria da mesma forma se tivesse me submetido a uma cirurgia para redução de estômago. Gostaria que todos soubessem que a cirurgia não é a única saída para quem precisa perder enorme quantidade de peso. Há 18 meses, eu pesava mais de 168 kg, estava desempregada, as pessoas me diziam coisas horríveis na rua. E minha família receava que eu acabasse morrendo prematuramente, jovem demais. Agora, acho que nada mais é impossível; e quero compartilhar esse sentimento com o maior número possível de pessoas”.

Os problemas de peso de Harriet sempre existiram. Desde criança ela lutava com a balança. Mas realmente começou a engordar muito depois que seu pai adoeceu de repente do fígado, em julho de 2002. Harriet ficava no hospital comendo chocolate. Continuava a comer em casa. Em vez de enfrentar a tristeza, acabou perdendo o controle sobre a comida. Piorou depois da morte do pai em 2003. É o que os ingleses chamam de “confort eating”, quando você come demais para ter um sentimento de prazer, no lugar de um estresse ou um trauma psicológico. É uma forma de compensar. Ou de não pensar.

Harriet começou a estudar Francês numa universidade, mas ficava no seu quarto comendo sanduíche ou fast-food junto com uma garrafa de vinho. Formou-se, tentou um emprego, mas o tédio e a depressão a faziam submergir mais fundo na comida de maneira compulsiva. Foi então que amigos a levaram para um grupo chamado Slimming World, que ajuda obesos a se conscientizar de seu problema e, portanto, esforçar-se para emagrecer. O principal para ela é que, nesse grupo, ninguém a julgou nem a criticou nem a olhou com pena. Foi um alívio estar ao lado de pessoas que somente queriam ajudá-la.

Começou por uma revolução na alimentação. Trocou suas refeições gordurosas, fritas ou açucaradas, compradas prontas, por uma comida saudável e caseira, carne, peixe, frutas e legumes. Em um mês, suas roupas já estavam largas demais. Já vestia dois números abaixo. Pela primeira vez ela percebeu que controlava o que comia e não abusava mais nem de chocolates, vodkas ou coca-cola diet.

Foi então que começou a se exercitar, caminhar, e se matriculou numa academia de ginástica. Hoje, ela corre regularmente.

“O mais importante, ao perder peso, foi provavelmente descobrir quem eu sou – e poder perceber que gosto de mim de verdade”, disse Harriet, que hoje pesa 73 kg para uma altura de 1,72 m. “Eu costumava evitar multidões porque me sentia incomodando as pessoas. No meu grupo de dieta, percebi pela primeira vez que, mesmo imensamente gorda, eu tinha um valor como ser humano”.

A confiança de Harriet aumentou. Confiança nela própria e no mundo. Fez amizades. Mas, disse ela, sua maior conquista foi conseguir ficar de pé, diante de uma sala de aula cheia de alunos. Enfim, uma professora.

O que você acha da história de Harriet? Conhece outras pessoas que poderiam mudar sua vida inspiradas nela? Ou apenas pouquíssimas pessoas obesas têm essa força de vontade?


quinta-feira, 10 de março de 2011

THOMAZ MAGALHÃES - QUEBRANDO O SCRIPT



Domingo ensolarado, 25 de agosto de 1991. Dia gostoso, quente, em pleno inverno do Rio de Janeiro. O cenário é paradisíaco: aos pés do Cristo Redentor, nas vizinhanças da Lagoa Rodrigo de Freitas, cavaleiros treinam suas montarias no prado da hípica, naquela manhã de agosto, o empresário e esportista carioca Thomaz Magalhães, 37 anos, conduz seu cavalo Lorenzo, um tordilho da raça alemã holsteiner, em direção a um obstáculo. Thomaz é um homem bem-sucedido, vice-presidente do Grupo Montreal. Casado com Clara Magalhães, tem dois filhos, Thomaz Neto e Chiara, com 11 e 9 anos.
Naquele longínquo agosto de 1991, Thomaz prepara-se para o Grande Prêmio de Teresópolis, marcado para o fim de semana seguinte. É um dos mais importantes concursos de saltos do país. O cavaleiro está preocupado porque seu cavalo tem rendimento baixo no calor do Rio de Janeiro.
Alto, forte, musculoso, confiante, Thomaz Magalhães parece galã de telenovela. Poucos momentos antes do salto, ele havia conversado com sua mulher. Clara tinha pedido para ele parar: ''Vamos para casa. Não seja tão exigente com você'', sugeriu. Thomaz decidiu continuar o treino. Em frente à sede social da hípica, tinha sido armada uma barragem com obstáculos. O cavaleiro avança com seu cavalo. Imprime velocidade. O obstáculo começa a crescer diante dele. Chega o momento do salto. Lorenzo pula, mas o cavaleiro se desequilibra e cai da montaria.
Caído na areia fina e quente da hípica, coberto de pó, Thomaz mexe apenas os braços e a cabeça. Fica no chão, enquanto as pessoas correm para socorrê-lo. Ele pressente que aconteceu uma desgraça. Quando Clara se aproxima, diz baixinho ao ouvido da mulher: ''Fiquei paralítico''.
Os momentos seguintes formam um festival de desacertos. A hípica está sem ambulância. O veículo quebrou. Não há maca. O médico particular de Thomaz está viajando. Não pode atendê-lo. Desesperada, a família liga para o ortopedista Sérgio Rudge. O médico entende a gravidade da situação e pede que Thomaz seja transportado, com urgência, para sua clínica no Rio Comprido.
Sem movimentos abaixo da linha dos braços, Thomaz sugere ao pessoal que aproveite as traves usadas como obstáculos como uma maca improvisada. Dá certo. Na falta da ambulância, ele é colocado em uma Caravan de um associado da hípica. O veículo é amplo o suficiente para o transporte.
Na clínica Rudge, um raio X constata o que Thomaz já suspeitava: fraturas nas vértebras T3 e T4. Ele é levado para o Hospital Samaritano, no bairro de Botafogo. A operação demora dez horas. Os médicos não conseguem reverter a situação, e o acidente na hípica deixa sequelas: o cavaleiro havia perdido o movimento das pernas.
Em sua casa, em uma ampla e confortável cobertura no Jardim Botânico, na zona sul do Rio de Janeiro, o empresário e esportista Thomaz Magalhães, hoje com 55 anos, lembra que, durante o pós-operatório, decidiu que não queria continuar vivendo. ''Todo dia que eu via a Clara no meu quarto com meus dois filhos, eles começavam a chorar e saíam para tentar esconder que estavam sofrendo por minha causa. Aquilo me arrebentava por dentro.''
Thomaz chamou sua mulher para uma conversa, decidido a se separar: ''Expliquei que minha vida tinha acabado e que ela era uma mulher maravilhosa. Iria encontrar outra pessoa. Não iria ficar sozinha. Nossos filhos precisavam de um pai. E eu jamais seria um bom pai para eles'', lembra ele. ''Eu só não disse que tinha decidido me matar.''
Deprimido, lembrava-se de tragédias familiares que haviam enlutado sua família. O suicídio parecia a única saída, um destino macabro: ''Minha irmã (Maria do Carmo) se suicidou na minha frente. Ela se atirou da janela do 8o andar do prédio dela, em São Paulo, em dezembro de 1981. Dois anos depois, meu tio Elyeser se matou com veneno de rato. E meu pai se matou com um tiro no peito. Depois de tantas tragédias na família, eu tinha ficado paralítico''.
Thomaz chegou a questionar se Deus existia: ''Quando minha irmã, meu pai e meu tio se mataram, comecei a pensar: 'Que Deus é esse?' Quando fiquei paralítico, pensei neles e queria entender que pecado eu tinha cometido para ficar paralítico. Fui para o fundo do poço, para mim tinha acabado tudo ali''.

A ideia do suicídio foi deixada para trás quando Thomaz percebeu o quanto a mulher e os filhos sofriam ao vê-lo naquele estado. Ele repensou a questão e chamou Clara para mais uma conversa. Dessa vez, com os dois filhos presentes no quarto do hospital. ''Se eu me matasse, estaria ignorando o sentimento deles, pois sofreriam mais ainda por eu ser um suicida. Não podia fazer isso'', relembra. ''Então, conversei com eles e expliquei que estava com uma doença muito séria, que não sabia como ia ficar. Pedi para que, toda vez que eles quisessem chorar, que viessem para perto de mim. Mas prometi que um dia seríamos felizes. Seria no sofrimento deles que eu buscaria forças para superar o meu sofrimento.''
Thomaz não se matou. Continuou casado com Clara e transformou sua queda em um movimento de assunção. Virou o jogo. Desligou-se do Grupo Montreal. E passou a repensar sua vida. ''Comecei a avaliar o que de bom eu poderia tirar com o que havia acontecido comigo. Eu brinco com meus amigos dizendo que não sei como eles me aturavam antes da queda. Eu devia ser uma pessoa muito chata. Era arrogante, materialista, prepotente. Queria cada vez mais. Eu tinha de ser o centro de tudo e as coisas tinham de ser da forma como eu queria. A vida não é assim.''

Nessa nova vida, Thomaz precisou superar inúmeras dificuldades. A principal delas foi vestir-se sozinho. ''No dia que consegui calçar uma meia foi uma glória. Depois, eu saía de cima da cadeira. Ia do sofá para a cadeira e da cadeira para o carro. Entrava e saía da banheira.
Escondido da família, desceu quatro andares da escada de serviço do prédio onde morava, no Rio, e subiu outros dois, sentado no chão e puxando a cadeira. “Queria ver se podia fazer algo em caso de incêndio”.'' Eram pequenas conquistas que culminaram com a compra de um carro novo. ''Por último, voltei a guiar, um Audi A4 de oito cilindros adaptado para deficientes físicos. Saí dirigindo. A minha cabeça já estava transformada.''
Hoje Thomaz pratica esqui aquático, e é único representante da America do Sul e do Brasil nas competições internacionais para deficientes.
Thomaz tornou-se também conferencista. Em suas palestras, fala sobre os tombos que a vida dá na gente, mas sem fazer disso um dramalhão. Ele ensina a encarar as tragédias de frente, enfrentá-las com coragem e superá-las. Explica: ''Somos capazes de nos adaptar a situações inimagináveis. Não digo que os meus problemas são menores ou maiores que os dos outros; o meu problema é o mais sério para mim. A forma como vou enfrentá-lo é que vai me fazer sair dele''.

Thomaz Magalhães é autor do livro QUEBRA DE SCRIPT - Uma Incrível história de reinvenção pessoal.




segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

JOÃO CARLOS MARTINS - "A MUSICA VENCEU"



João Carlos Martins nasceu em 25 de junho de 1940, com cinco quilos e seiscentos gramas tinha tudo para ser grande, forte e saudável mas o destino não demorou a colocar o primeiro obstáculo no caminho desse paulistano. Aos cinco anos de idade, fez uma cirurgia para retirada de um cisto no pescoço. A operação foi mal sucedida e as sequelas persistiram por longos dois anos. Superado o primeiro problema, de uma vida que seria atribulada, João começou a ter aulas de piano. Em apenas duas semanas, o menino já dominava a clave de sol e de fá. Foi o começo de uma carreira de sucesso que o levou aos melhores teatros do mundo, aos 20 anos já havia tocado no Carnegie Hall, sendo considerado o melhor interprete das obras de Bach, e mesmo jovem já era um dos mais conceituados pianistas do mundo.
Sua biografia mistura lances espetaculares e trágicos que tiveram inicio no auge de sua carreira como pianista aos 26 anos.



Era verão de 1965 em Nova York e aceitou o convite para treinar com o time da Portuguesa, que estava em turnê nos Estados Unidos com apenas 18 jogadores, durante o treino Martins caiu sobre uma pedra, que perfurou um nervo do braço. O músico foi submetido, então, a uma cirurgia na mão direita. Ficou um ano em recuperação, mas teve um retorno triunfal arrebatando Washington, capital dos Estados Unidos, com sua interpretação de J. S. Bach, sua especialidade.

No entanto, não demorou muito e Martins foi acometido por uma nova fatalidade. Durante o festival de Berlim de 1966, o músico foi operado do apêndice. Em seguida, para completar o azar, é diagnosticado com uma embolia pulmonar. Foram 15 dias entre a vida e a morte, e dois meses no hospital. Mas ele ainda voltou. Voltou para parar em 1970, quando as dores na mão direita não davam trégua e acabaram interrompendo a carreira do pianista mais famoso do Brasil.

Foram sete anos de tratamento para uma volta triunfal num Carnegie Hall lotado. A obra escolhida para rechear seu retorno foi o primeiro volume de “Cravo Bem Temperado”, de Bach, claro!

Tornou-se secretário de Cultura do Estado de São Paulo, lançou um disco com músicas de Chopin e tocou enquanto seus reflexos o permitiam. Em 1985 descobre sofrer de LER (lesão por esforço repetitivo) e interrompe, novamente, sua carreira por oito anos.

Um dos piores erros do pianista foi entrar para vida política paulistana, ainda mais ao lado de Paulo Maluf. Em 1993 estoura o escândalo Pau Brasil, que é uma empresa comandada por Martins e estaria envolvida em doações ilegais às campanhas de Maluf. Porém, logo depois, é absolvido das acusações pelo Supremo Tribunal Federal.

Mas o alívio da absolvição durou pouco, no mesmo ano de 1995 João Carlos Martins reagiu a um assaltou em Sófia, capital da Bulgária, e foi agredido com uma barra de ferro, que o atingiu gravemente na cabeça. Como efeito, o músico teve o lado direito de seu corpo paralisado parcialmente
Sem agilidade, em 1998 encerrou sua carreira em Londres, antes de passar por mais uma cirurgia na mão direita. Mas João Carlos Martins é forte e em 2000 conseguiu voltar ao piano, tocando apenas com a mão esquerda. Mas a força do pianista ainda iria ser testada mais uma vez. Dois anos depois, ele descobre, em Paris, que sofre de uma doença chamada Contratura de Dupuytren, a mesma que acometeu Leonardo da Vinci. As duas mãos ficaram comprometidas.

Mas como toda história deve ter um final feliz, ainda que esta esteja longe de ser um conto de fadas, vamos ao ano de 2003, quando Martins decide estudar regência. Nesse ano ele fez outra cirurgia e ouviu dos médicos que nunca mais tocaria piano. Aos 63 anos, então, começou a estudar regência com o maestro Júlio Medaglia. Seis meses depois já estava gravando Bach com seus músicos.

Em 2004, João Carlos Martins estréia oficialmente a Orquestra Filarmônica Bachiana, na Sala São Paulo, com 41 músicos. Porém, um dos maiores artistas que o Brasil já viu, apesar de todo sofrimento, não foi esquecido. Em 6 de janeiro de 2007, com sua orquestra, é ovacionado em Nova Iorque, num Carnegie Hall com três mil pessoas, que o aplaudiam de pé por oito minutos. Como não consegue segurar a baqueta e nem virar as partituras, o maestro foi obrigado a decorar dez mil páginas de partituras. Ao final da apresentação, tocou Bach apenas com o polegar.

Superação, determinação, amor, perseverança...