Aos 92 anos de idade, Gladys Burril estabeleceu um novo Recorde Mundial do Livro Guinness como a mulher mais velha a completar uma maratona.
Gladys Burril, apelidado de “Glady-adora”, completou os 42.195 metros da Maratona de Honolulu, Havaí em 9 horas 53 minutos e 16 segundos em 12 de dezembro de 2010. Os juízes do Guinness, o Livro dos Records anunciaram oficialmente a seu feito no dia 7 de abril.
Burril, que tem 92 anos e 19 dias de idade, já fez de tudo um pouco nessa vida: pilotou aviões multi-motores, escalou montanhas, fez caminhadas pelo deserto e na neve. Ela começou a participar de maratonas com 86 anos, concluindo suas quatro primeiras maratonas de Honolulu caminhando rapidamente, no estilo da competição olímpica da marcha atlética.
Embora ela não tenha conseguido completar a maratona de Honolulu correndo nas duas tentativas anteriores – quando tinha 90 e 91 anos – ela terminou com êxito a maratona de 2010, estabelecendo um novo recorde mundial de mulher mais velha a correr uma maratona.
Burril atribui seu sucesso e sua notável resistência ao pensamento positivo. “A idade é apenas um número”, garante.
No outono de 2001, Marc Herremans surpreendeu o mundo com seu 6º lugar no Mundial de Ironman em Kona, Havaí. Herremans, no entanto, não ficou surpreso e disse que estava pronto para chegar ao topo do pódio.
Mas, no dia 28 de janeiro de 2002, a vida de Herremans mudou drasticamente. Em um treino de ciclismo com seu técnivo Dirk Gossum, em Lanzarote, Herremans perdeu o controle da bike e despencou por uma encosta rochosa, cortando o cordão espinhal entre as vértebras torácicas 5 e 6.
''Em questão de segundos minha vida foi arruinada'', disse Herremans. ''Tudo que eu tinha trabalhado para vencer um dia o Ironman do Havaí foi em vão. O resto era menos importante. Agora, com apenas 27 anos, já não era mais possível. Minha vida acabou.'' Isto, ele pensava na época...
Mas a vida dele não tinha acabado e, depois de alguns meses de negação e frustração, Herremans voltou ao ''trabalho'', focado retornar a Kona, desta vez em uma cadeira de rodas. Ele voltou depois de terminar em 3º, em 2003 e 2004; segundo em 2005; e foi campeão em 2006.
"Quando a sua realidade muda, seus sonhos não precisam mudar também."
Tony Melendez nasceu na Nicarágua, América do Sul. Ele era uma das cerca de 5000 "crianças da Talidomida", uma droga que as grávidas tomavam por causa dos enjôos matinais, o que fez com que ele nascesse sem os dois braços, e hoje é músico consagrado nos Estados Unidos da América, para onde se mudou com seus pais com um ano de idade, em busca de ajuda médica para corrigir um defeito num dos pés. Mas Tony não deixou que a falta dos braços o impedisse de viver. E viver com alegria. Lá, ele era uma criança como qualquer outra, que brincava, se divertia... Só que sem os dois braços, porque ele, de livre vontade, escolhe deixar de usar as próteses dos braços, por o fazerem sentir diferente do que ele era. Ao contrário do que talvez fosse de esperar numa criança que os outros meninos evitavam, por ser diferente, Melendez diz que a sua infância não teve nenhuma dificuldade em particular... Jamais permitiu que a limitação física lhe tirasse o prazer de cantar. Desde muito pequeno começou a tocar algumas notas musicais com os pés e logo descobriu que poderia afinar a guitarra de forma a atender sua necessidade. Aos 18 anos Tony já tocava e cantava em eventos especiais, e fazia sucesso. Mas ele não canta, apenas. É compositor também. Aos 25 anos, Tony teve a oportunidade de tocar sua guitarra com os pés e cantar para milhares de jovens, na presença do papa João Paulo II, na cidade de Los Ângeles, no ano de 1987. Um disco giratório junto aos pedais do veículo também foi a solução para que Tony pudesse dirigir seu próprio automóvel, fazendo uso dos pés. E é assim que Tony Meléndez supera suas limitações, fazendo o que muitos acham impossível, sempre com muito amor e a sua família: esposa e dois filhos adotivos.
Numa entrevista o jornalista lhe perguntou: “Como tem sido sua vida sem suas mãos?”
E Tony respondeu, sempre bem-humorado: “Eu não conheço as mãos, pois não as tive. Nunca tive esse dom de poder mover um dedo, de segurar um telefone, um lápis. Meus pés sempre foram meus dedos, minhas mãos”. Ao final da entrevista, o jornalista lhe perguntou: “Que mensagem você daria àqueles que têm algum problema e que estão tristes?” “Eu digo a mesma coisa para quem não tem e para quem tem tudo: não deixem a fé ir embora de seus corações, pois às vezes temos momentos em que ninguém pode nos ajudar.” E para desafiar suas próprias potencialidades, Tony escreveu um livro autobiográfico, intitulado “A gift of hoppe” (um presente de esperança), e tem vários CD´s gravados, tendo se apresentado em 28 países. Para finalizar, ouçamos alguns conselhos desse músico sem braços:
"Eu vejo uma pessoa como você que tem os braços, as pernas, que tem tudo, dizer: não posso, não posso.
Sim, pode; sim, pode!
Quando as pessoas me perguntam onde estão os milagres, eu sempre digo: eu vejo a mão. E quando alguém levanta a mão, para mim isso é um milagre.
Por favor, não me digam que não podem, não me digam que não podem porque vocês, vocês, podem fazer muito, muito mais.
Levantem-se e digam: eu quero, eu posso, eu vou seguir adiante.
Há um mundo inteiro só esperando a sua mão dizer sim."
E, quando tudo parecer impossível, lembre-se que basta apenas dizer: “Eu quero! Eu posso, eu vou seguir adiante.”
Herbert Vianna é mais um grande exemplo de superação, de força de vontade, de não ficar preso a sua difícil condição, de dar a volta por cima. No fatídico 04 de fevereiro de 2001, Herbert sofreu um acidente aéreo em Mangaratiba, RJ, o ultraleve que pilotava caiu no mar, na Baía de Angra dos Reis, a esposa de Herbert, a inglesa Lucy morreu, Herbert foi resgatado por vários pescadores, ficou internado por 44 dias, grande parte deles em coma, ficou paraplégico e perdeu parte da memória, mas, gradualmente foi retomando sua brilhante carreira,voltando aos palcos e aos estúdios, gravou 4 discos após o acidente, ” LONGO CAMINHO (2002 )”, “UNS DIAS AO VIVO” ( 2004), ” HOJE” ( 2005 ) e ” BRASIL AFORA” ( 2009 ).
O mais impressionante na recuperação do músico foi a não perda da memória musical dele, a perda de memória que ele teve foi a de coisas do cotidiano e algumas lembranças do passado, mas, a memória musical dele estava intacta, Herbert não havia esquecido nenhuma nota, nenhum acorde, nenhuma letra de música, nada e isso ajudou e muito na retomada da sua carreira. A lembrança dos 10 anos de seu acidente não se trata de nenhuma morbidez, pelo contrário, trata-se de uma maneira de enxergarmos que por mais que existam dificuldades, obstáculos a serem superados, mais e mais devemos lutar para supera-los, o exemplo de Herbert Vianna, que perdeu a capacidade de andar, perdeu a esposa e nem por isso se entregou ao amargor da vida, a autopiedade, a depressão é um exemplo para todos nós.
Uma professora inglesa, de 25 anos, Harriet Jenkins, mostra com orgulho como a determinação a transformou numa outra mulher. Depois de 18 meses de total mudança de hábitos, alimentando-se de maneira saudável e fazendo exercícios, ela conseguiu perder metade de seu peso e hoje veste 10 números abaixo de seu figurino anterior. Ela chegou a pesar, no auge da obesidade, 168 kg. Em vez de biscoitos e doces, ela deu preferência a frutas, legumes e vegetais. A incrível história de Harriet foi publicada no site do jornal Daily Mail. O que torna a mudança mais surpreendente é que esse resultado não foi alcançado com a ajuda de uma cirurgia.
“Minha vida é completamente diferente agora. Conquistei coisas que jamais imaginaria possíveis, como meu sonho de me tornar professora. Não é só porque eu pareço outra pessoa e peso menos, mas também porque me sinto mais confiante e, finalmente, estou contente co0migo mesma. Estou tão orgulhosa de ter reassumido o controle sobre minha vida…Não acredito que me sentiria da mesma forma se tivesse me submetido a uma cirurgia para redução de estômago. Gostaria que todos soubessem que a cirurgia não é a única saída para quem precisa perder enorme quantidade de peso. Há 18 meses, eu pesava mais de 168 kg, estava desempregada, as pessoas me diziam coisas horríveis na rua. E minha família receava que eu acabasse morrendo prematuramente, jovem demais. Agora, acho que nada mais é impossível; e quero compartilhar esse sentimento com o maior número possível de pessoas”.
Os problemas de peso de Harriet sempre existiram. Desde criança ela lutava com a balança. Mas realmente começou a engordar muito depois que seu pai adoeceu de repente do fígado, em julho de 2002. Harriet ficava no hospital comendo chocolate. Continuava a comer em casa. Em vez de enfrentar a tristeza, acabou perdendo o controle sobre a comida. Piorou depois da morte do pai em 2003. É o que os ingleses chamam de “confort eating”, quando você come demais para ter um sentimento de prazer, no lugar de um estresse ou um trauma psicológico. É uma forma de compensar. Ou de não pensar.
Harriet começou a estudar Francês numa universidade, mas ficava no seu quarto comendo sanduíche ou fast-food junto com uma garrafa de vinho. Formou-se, tentou um emprego, mas o tédio e a depressão a faziam submergir mais fundo na comida de maneira compulsiva. Foi então que amigos a levaram para um grupo chamado Slimming World, que ajuda obesos a se conscientizar de seu problema e, portanto, esforçar-se para emagrecer. O principal para ela é que, nesse grupo, ninguém a julgou nem a criticou nem a olhou com pena. Foi um alívio estar ao lado de pessoas que somente queriam ajudá-la.
Começou por uma revolução na alimentação. Trocou suas refeições gordurosas, fritas ou açucaradas, compradas prontas, por uma comida saudável e caseira, carne, peixe, frutas e legumes. Em um mês, suas roupas já estavam largas demais. Já vestia dois números abaixo. Pela primeira vez ela percebeu que controlava o que comia e não abusava mais nem de chocolates, vodkas ou coca-cola diet.
Foi então que começou a se exercitar, caminhar, e se matriculou numa academia de ginástica. Hoje, ela corre regularmente.
“O mais importante, ao perder peso, foi provavelmente descobrir quem eu sou – e poder perceber que gosto de mim de verdade”, disse Harriet, que hoje pesa 73 kg para uma altura de 1,72 m. “Eu costumava evitar multidões porque me sentia incomodando as pessoas. No meu grupo de dieta, percebi pela primeira vez que, mesmo imensamente gorda, eu tinha um valor como ser humano”.
A confiança de Harriet aumentou. Confiança nela própria e no mundo. Fez amizades. Mas, disse ela, sua maior conquista foi conseguir ficar de pé, diante de uma sala de aula cheia de alunos. Enfim, uma professora.
O que você acha da história de Harriet? Conhece outras pessoas que poderiam mudar sua vida inspiradas nela? Ou apenas pouquíssimas pessoas obesas têm essa força de vontade?
Domingo ensolarado, 25 de agosto de 1991. Dia gostoso, quente, em pleno inverno do Rio de Janeiro. O cenário é paradisíaco: aos pés do Cristo Redentor, nas vizinhanças da Lagoa Rodrigo de Freitas, cavaleiros treinam suas montarias no prado da hípica, naquela manhã de agosto, o empresário e esportista carioca Thomaz Magalhães, 37 anos, conduz seu cavalo Lorenzo, um tordilho da raça alemã holsteiner, em direção a um obstáculo. Thomaz é um homem bem-sucedido, vice-presidente do Grupo Montreal. Casado com Clara Magalhães, tem dois filhos, Thomaz Neto e Chiara, com 11 e 9 anos.
Naquele longínquo agosto de 1991, Thomaz prepara-se para o Grande Prêmio de Teresópolis, marcado para o fim de semana seguinte. É um dos mais importantes concursos de saltos do país. O cavaleiro está preocupado porque seu cavalo tem rendimento baixo no calor do Rio de Janeiro.
Alto, forte, musculoso, confiante, Thomaz Magalhães parece galã de telenovela. Poucos momentos antes do salto, ele havia conversado com sua mulher. Clara tinha pedido para ele parar: ''Vamos para casa. Não seja tão exigente com você'', sugeriu. Thomaz decidiu continuar o treino. Em frente à sede social da hípica, tinha sido armada uma barragem com obstáculos. O cavaleiro avança com seu cavalo. Imprime velocidade. O obstáculo começa a crescer diante dele. Chega o momento do salto. Lorenzo pula, mas o cavaleiro se desequilibra e cai da montaria.
Caído na areia fina e quente da hípica, coberto de pó, Thomaz mexe apenas os braços e a cabeça. Fica no chão, enquanto as pessoas correm para socorrê-lo. Ele pressente que aconteceu uma desgraça. Quando Clara se aproxima, diz baixinho ao ouvido da mulher: ''Fiquei paralítico''.
Os momentos seguintes formam um festival de desacertos. A hípica está sem ambulância. O veículo quebrou. Não há maca. O médico particular de Thomaz está viajando. Não pode atendê-lo. Desesperada, a família liga para o ortopedista Sérgio Rudge. O médico entende a gravidade da situação e pede que Thomaz seja transportado, com urgência, para sua clínica no Rio Comprido.
Sem movimentos abaixo da linha dos braços, Thomaz sugere ao pessoal que aproveite as traves usadas como obstáculos como uma maca improvisada. Dá certo. Na falta da ambulância, ele é colocado em uma Caravan de um associado da hípica. O veículo é amplo o suficiente para o transporte.
Na clínica Rudge, um raio X constata o que Thomaz já suspeitava: fraturas nas vértebras T3 e T4. Ele é levado para o Hospital Samaritano, no bairro de Botafogo. A operação demora dez horas. Os médicos não conseguem reverter a situação, e o acidente na hípica deixa sequelas: o cavaleiro havia perdido o movimento das pernas.
Em sua casa, em uma ampla e confortável cobertura no Jardim Botânico, na zona sul do Rio de Janeiro, o empresário e esportista Thomaz Magalhães, hoje com 55 anos, lembra que, durante o pós-operatório, decidiu que não queria continuar vivendo. ''Todo dia que eu via a Clara no meu quarto com meus dois filhos, eles começavam a chorar e saíam para tentar esconder que estavam sofrendo por minha causa. Aquilo me arrebentava por dentro.''
Thomaz chamou sua mulher para uma conversa, decidido a se separar: ''Expliquei que minha vida tinha acabado e que ela era uma mulher maravilhosa. Iria encontrar outra pessoa. Não iria ficar sozinha. Nossos filhos precisavam de um pai. E eu jamais seria um bom pai para eles'', lembra ele. ''Eu só não disse que tinha decidido me matar.''
Deprimido, lembrava-se de tragédias familiares que haviam enlutado sua família. O suicídio parecia a única saída, um destino macabro: ''Minha irmã (Maria do Carmo) se suicidou na minha frente. Ela se atirou da janela do 8o andar do prédio dela, em São Paulo, em dezembro de 1981. Dois anos depois, meu tio Elyeser se matou com veneno de rato. E meu pai se matou com um tiro no peito. Depois de tantas tragédias na família, eu tinha ficado paralítico''.
Thomaz chegou a questionar se Deus existia: ''Quando minha irmã, meu pai e meu tio se mataram, comecei a pensar: 'Que Deus é esse?' Quando fiquei paralítico, pensei neles e queria entender que pecado eu tinha cometido para ficar paralítico. Fui para o fundo do poço, para mim tinha acabado tudo ali''.
A ideia do suicídio foi deixada para trás quando Thomaz percebeu o quanto a mulher e os filhos sofriam ao vê-lo naquele estado. Ele repensou a questão e chamou Clara para mais uma conversa. Dessa vez, com os dois filhos presentes no quarto do hospital. ''Se eu me matasse, estaria ignorando o sentimento deles, pois sofreriam mais ainda por eu ser um suicida. Não podia fazer isso'', relembra. ''Então, conversei com eles e expliquei que estava com uma doença muito séria, que não sabia como ia ficar. Pedi para que, toda vez que eles quisessem chorar, que viessem para perto de mim. Mas prometi que um dia seríamos felizes. Seria no sofrimento deles que eu buscaria forças para superar o meu sofrimento.''
Thomaz não se matou. Continuou casado com Clara e transformou sua queda em um movimento de assunção. Virou o jogo. Desligou-se do Grupo Montreal. E passou a repensar sua vida. ''Comecei a avaliar o que de bom eu poderia tirar com o que havia acontecido comigo. Eu brinco com meus amigos dizendo que não sei como eles me aturavam antes da queda. Eu devia ser uma pessoa muito chata. Era arrogante, materialista, prepotente. Queria cada vez mais. Eu tinha de ser o centro de tudo e as coisas tinham de ser da forma como eu queria. A vida não é assim.''
Nessa nova vida, Thomaz precisou superar inúmeras dificuldades. A principal delas foi vestir-se sozinho. ''No dia que consegui calçar uma meia foi uma glória. Depois, eu saía de cima da cadeira. Ia do sofá para a cadeira e da cadeira para o carro. Entrava e saía da banheira. Escondido da família, desceu quatro andares da escada de serviço do prédio onde morava, no Rio, e subiu outros dois, sentado no chão e puxando a cadeira. “Queria ver se podia fazer algo em caso de incêndio”.'' Eram pequenas conquistas que culminaram com a compra de um carro novo. ''Por último, voltei a guiar, um Audi A4 de oito cilindros adaptado para deficientes físicos. Saí dirigindo. A minha cabeça já estava transformada.''
Hoje Thomaz pratica esqui aquático, e é único representante da America do Sul e do Brasil nas competições internacionais para deficientes.
Thomaz tornou-se também conferencista. Em suas palestras, fala sobre os tombos que a vida dá na gente, mas sem fazer disso um dramalhão. Ele ensina a encarar as tragédias de frente, enfrentá-las com coragem e superá-las. Explica: ''Somos capazes de nos adaptar a situações inimagináveis. Não digo que os meus problemas são menores ou maiores que os dos outros; o meu problema é o mais sério para mim. A forma como vou enfrentá-lo é que vai me fazer sair dele''.
Thomaz Magalhães é autor do livro QUEBRA DE SCRIPT - Uma Incrível história de reinvenção pessoal.
João Carlos Martins nasceu em 25 de junho de 1940, com cinco quilos e seiscentos gramas tinha tudo para ser grande, forte e saudável mas o destino não demorou a colocar o primeiro obstáculo no caminho desse paulistano. Aos cinco anos de idade, fez uma cirurgia para retirada de um cisto no pescoço. A operação foi mal sucedida e as sequelas persistiram por longos dois anos. Superado o primeiro problema, de uma vida que seria atribulada, João começou a ter aulas de piano. Em apenas duas semanas, o menino já dominava a clave de sol e de fá. Foi o começo de uma carreira de sucesso que o levou aos melhores teatros do mundo, aos 20 anos já havia tocado no Carnegie Hall, sendo considerado o melhor interprete das obras de Bach, e mesmo jovem já era um dos mais conceituados pianistas do mundo.
Sua biografia mistura lances espetaculares e trágicos que tiveram inicio no auge de sua carreira como pianista aos 26 anos.
Era verão de 1965 em Nova York e aceitou o convite para treinar com o time da Portuguesa, que estava em turnê nos Estados Unidos com apenas 18 jogadores, durante o treino Martins caiu sobre uma pedra, que perfurou um nervo do braço. O músico foi submetido, então, a uma cirurgia na mão direita. Ficou um ano em recuperação, mas teve um retorno triunfal arrebatando Washington, capital dos Estados Unidos, com sua interpretação de J. S. Bach, sua especialidade.
No entanto, não demorou muito e Martins foi acometido por uma nova fatalidade. Durante o festival de Berlim de 1966, o músico foi operado do apêndice. Em seguida, para completar o azar, é diagnosticado com uma embolia pulmonar. Foram 15 dias entre a vida e a morte, e dois meses no hospital. Mas ele ainda voltou. Voltou para parar em 1970, quando as dores na mão direita não davam trégua e acabaram interrompendo a carreira do pianista mais famoso do Brasil.
Foram sete anos de tratamento para uma volta triunfal num Carnegie Hall lotado. A obra escolhida para rechear seu retorno foi o primeiro volume de “Cravo Bem Temperado”, de Bach, claro!
Tornou-se secretário de Cultura do Estado de São Paulo, lançou um disco com músicas de Chopin e tocou enquanto seus reflexos o permitiam. Em 1985 descobre sofrer de LER (lesão por esforço repetitivo) e interrompe, novamente, sua carreira por oito anos.
Um dos piores erros do pianista foi entrar para vida política paulistana, ainda mais ao lado de Paulo Maluf. Em 1993 estoura o escândalo Pau Brasil, que é uma empresa comandada por Martins e estaria envolvida em doações ilegais às campanhas de Maluf. Porém, logo depois, é absolvido das acusações pelo Supremo Tribunal Federal.
Mas o alívio da absolvição durou pouco, no mesmo ano de 1995 João Carlos Martins reagiu a um assaltou em Sófia, capital da Bulgária, e foi agredido com uma barra de ferro, que o atingiu gravemente na cabeça. Como efeito, o músico teve o lado direito de seu corpo paralisado parcialmente
Sem agilidade, em 1998 encerrou sua carreira em Londres, antes de passar por mais uma cirurgia na mão direita. Mas João Carlos Martins é forte e em 2000 conseguiu voltar ao piano, tocando apenas com a mão esquerda. Mas a força do pianista ainda iria ser testada mais uma vez. Dois anos depois, ele descobre, em Paris, que sofre de uma doença chamada Contratura de Dupuytren, a mesma que acometeu Leonardo da Vinci. As duas mãos ficaram comprometidas.
Mas como toda história deve ter um final feliz, ainda que esta esteja longe de ser um conto de fadas, vamos ao ano de 2003, quando Martins decide estudar regência. Nesse ano ele fez outra cirurgia e ouviu dos médicos que nunca mais tocaria piano. Aos 63 anos, então, começou a estudar regência com o maestro Júlio Medaglia. Seis meses depois já estava gravando Bach com seus músicos.
Em 2004, João Carlos Martins estréia oficialmente a Orquestra Filarmônica Bachiana, na Sala São Paulo, com 41 músicos. Porém, um dos maiores artistas que o Brasil já viu, apesar de todo sofrimento, não foi esquecido. Em 6 de janeiro de 2007, com sua orquestra, é ovacionado em Nova Iorque, num Carnegie Hall com três mil pessoas, que o aplaudiam de pé por oito minutos. Como não consegue segurar a baqueta e nem virar as partituras, o maestro foi obrigado a decorar dez mil páginas de partituras. Ao final da apresentação, tocou Bach apenas com o polegar.
Negro, sem-teto e pai solteiro, Chris Gardner jamais perdeu a esperança. Nos anos 80, Gardner vivia em San Francisco, onde trabalhava com venda de equipamentos médicos. Um dia, ele viu um sujeito numa Ferrari vermelha procurando vaga num estacionamento no centro da cidade. Impressionado com a máquina, ele ofereceu a sua vaga. "Falei para ele, você pode estacionar no meu lugar, mas me responda duas perguntas: O que você faz? E como você faz?" O dono da Ferrari disse que era corretor da Bolsa de Valores, vendia ações e faturava US$ 80 mil por mês - uma verdadeira fortuna na época. Ali, no ato, surgiu a inspiração indicando o caminho do ouro: "Naquele momento tomei duas decisões: entrar no negócios de ações e comprar uma Ferrari no futuro", conta Gardner.
Ele acabou perdendo o emprego, mas não a perspectiva. Depois de muita insistência, Gardner finalmente conseguiu ser colocado como estagiário não remunerado numa corretora da Bolsa de Valores. Esta primeira tentativa, porém, não traria sucesso. O homem que lhe ofereceu o treinamento saiu da empresa e, da noite para o dia, fecharam-se as portas para o protegido. Novamente desempregado e com US$ 1.200 em multas de trânsito sem pagamento, Gardner foi parar na cadeia. Sua mulher - numa das piores decisões financeiras de que se teria notícia - o deixou a ver navios com o filho deles, Chris Jr., então com dois anos. Suas economias se resumiam a US$ 25 no bolso. Seria o suficiente para fazer uma pessoa começar a beber. "Meu padastro era alcoólatra, fracassado, ressentido e violento. Por isso eu não bebo até hoje", conta. Se era suficiente para comprar dois litros de uísque, o dinheiro não dava para pagar o aluguel. Sem casa, pai e filho montaram residência provisória no banheiro da estação rodoviária de Oakland - uma espécie de Niterói da região. E foi no toalete, ainda hoje em funcionamento, que o futuro milionário teve uma epifania: "Neste mundo existem dois tipos de pessoas: aqueles que vêem um monte de estrume e o identificam como merda e os que reconhecem ali uma boa quantidade de fertilizantes." Com essa idéia na cabeça, Gardner passou a sair pelas ruas em busca de seu monte.
Depois de muito penar, ele teve outra oportunidade no programa de treinamento da corretora Dean Witter Reynolds. "Eu não ganhava nada. Meus colegas não sabiam que de noite, meu filho e eu dormíamos em abrigos de mendigos, banheiros e parques", disse Gardner. A situação, embora considerada por ele como "promissora" - segundo a "teoria dos fertilizantes", não era nada confortável. Mas em 1981 ele finalmente obteve a licença para operar oficialmente na Bolsa de Valores. Imediatamente, encontrou emprego na conceituada firma Bear, Stearns & Company, trabalhando primeiro na área de San Francisco e depois em Nova York. De lá para diante, deslanchou e nunca mais parou. A primeira Ferrari de Gardner foi comprada de segunda mão. E não poderia ter passado por mãos mais significativas: pertenceu ao maior gênio do basquetebol, Michael Jordan.
US$ 25 é quanto Gardner tinha quando ficou desempregado. Hoje sua fortuna é estimada em US$ 600 milhões.
Sua história inspirou o filme A PROCURA DA FELICIDADE, estrelado por Will Smith.
Tem dias que a gente acorda e antes de levantar já pensa nos problemas que nos esperam, nos obstáculos, e tudo o que temos que superar todos os dias... E por algum momento desejamos ficar na cama, talvez escondidos de tudo isso... Então você liga a televisão e se depara com um cara que tinha tudo para “não levantar da cama”, e por 3 vezes ELE “levantou”.
Ronaldo Luís Nazário de Lima, ou simplesmente “Fenômemo”, um cara com um dom especial, mas acima de tudo um cara muito Especial.
Para muitos bastaria o fato de conquistar uma Copa do Mundo aos 17 anos, e ser eleito o melhor jogador do mundo por duas vezes seguidas 1996 e 1997, mas ele queria mais...
Após sofrer uma convulsão poucas horas antes da final da Copa de 98, e perder a final para França, em 1999, com 23 anos, uma grave lesão no tendão patelar o afastou dos gramados por 5 meses, mas...ELE VOLTOU...!!!
Em abril de 2000 no primeiro jogo do seu retorno aos gramados, no primeiro drible, rompeu totalmente o tendão patelar, o que o afastaria mais uma vez, por 15 meses do gramado, mas... será que ELE VOLTOU??
Muitos já diziam que ele estava acabado para o futebol e a volta foi lenta e difícil, com constantes problemas musculares, reflexo das lesões sofridas no joelho... será que Ronaldo ainda conseguiria brilhar????
A resposta veio antes do que se imaginava, em 2002 ele conquistou a Copa do Mundo e se tornou o maior artilheiro das Copas, além de ter sido eleito o melhor jogador de futebol do Planeta por mais uma vez, realmente... ELE VOLTOU...!!
Em fevereiro de 2008 aos 31 anos e já atuando pela equipe do Milan, ele sofre uma nova e grave contusão no joelho dessa vez no esquerdo. Com certeza para todos, Ronaldo estava acabado para o futebol, jamais voltaria a pisar nos gramados... será?????
O que você faria no lugar dele se já tivesse conquistado tudo o que um jogador de futebol sonharia??? 2 Copas do Mundo, 3 vezes melhor jogador do futebol do mundo , maior artilheiro das Copas... o que você faria? “Ficaria na cama”???
Ele “levantou” e em dezembro de 2008 foi anunciada sua contratação pelo Corinthians... desacreditado, gordo...será que ele voltaria a jogar mesmo???
Não me sai da memória o dia 8 de março de 2009, clássico paulista, Corinthians e Palmeiras, e Ronaldo estava entre os reservas, seria sua segunda partida desde o seu retorno... “Como seria se Ronaldo fizesse um gol”?... 47 minutos do segundo tempo e o Corinthians perdia de 1 a 0, até que de um escanteio na última chance do jogo Ronaldo marcou de cabeça, e justo de cabeça que sempre foi o seu ponto fraco... se é que se pode dizer que alguém com uma história dessas tenha um ponto fraco, pois é, contrariando a tudo e a todos, mais uma vez...ELE VOLTOU...!!!
Ontem, 14 de fevereiro de 2011, aos 34 anos e sofrendo com o peso e seguidas contusões musculares, Ronaldo anunciou sua aposentadoria dos gramados, mas não tenham dúvida..."Só dos Gramados".
Sem dúvida, Superação transcende o tempo, as limitações, dinheiro e qualquer coisa que possamos imaginar... Realmente Superação é algo “FENOMENAL”.
Nascida sem os braços devido a uma rara enfermidade congênita, a americana Jessica Cox, 26 anos e 1,55 metros de altura, vem ganhando popularidade nos Estados Unidos como exemplo de superação ao se tornar a primeira mulher piloto na historia da aviação que pilota sem braços, Jessica usa os pés.
Como qualquer criança, não entendia porque não tinha braços como as demais pessoas. “ Era difícil ser diferente.”
Jessica aprendeu a usar os pés para realizar tarefas do dia-a-dia como escovar o cabelo, usar o computador, colocar lentes de contato, maquiar-se, preparar uma refeição ou falar ao telefone; também aprendeu a dirigir usando os pés e conseguiu uma carteira de motorista sem restrições, usando um carro comum, sem adaptações. Através dos pés ela pode escrever 25 palavras por minuto.
Desde a primeira infância suas pernas serviram-lhe de mãos. Como todas as crianças, ela passou por várias fases de desenvolvimento. Ela aprendeu a comer sozinha, escrever, tudo através das pernas. Ao longo da infância, ela participou de várias atividades como: natação, ginástica, dança. Jessica começou a praticar Taekwon-Do quando tinha 10 anos e aos 14 já era faixa preta.
Para Jéssica, o maior desafio por ter nascido sem braços, mais que a adversidade física, eram as constantes encaradas das pessoas.
Porém tinha aprendido a ver o lado positivo dessas situações que me deram a oportunidade de utilizar esse canal de vibrações positivas e ser um exemplo de otimismo. “ Eu me irritava muito quando as pessoas me olhavam caminhando pela rua ou pela maneira de comer com os pés”.
Seus pais foram seus modelos de conduta e seus pilares de apoio. “Minha mãe é meu modelo e sempre me diz que posso fazer qualquer coisa a que eu me propor”
“É difícil ser pai de um filho incapaz. Papai foi minha rocha durante os tempos difíceis e é quem formou a pessoa que eu sou atualmente“.
“ Meu pai não derramou uma lágrima quando nasci porque não me vê como uma vítima”
Formada em psicologia, Jessica trabalha com palestras motivacionais, nas quais sua história é contada como forma de incentivar a superação de obstáculos. A aparente limitação física não a impede de levar uma vida normal, mas ainda atrai olhares quando abastece seu carro nas bombas de gasolina.
Esta mulher, inspiradora e heroína para muitos, irradia felicidade e um grande senso de humor; no Dia das Mães em maio do ano passado, voou sozinha com um letreiro suspenso que acertadamente dizia: “ Olha mamãe, sem as mãos”
“Quando ainda não voava, me dei conta de que meu temor era porque eu não sabia muito sobre isto. Há um medo universal na gente, é o temor da insuficiência e da falta de fé em nós mesmos” .
Até a data, tinha contabilizado aproximadamente 130 horas de vôo sozinha. E afirma: “O medo pode basear-se no desconhecimento“.
Graças a sua confiança, perseverança, preparação e ambição, Jéssica tem percorrido um longo caminho para converter-se em quem é hoje em dia.
Além de ser uma oradora motivacional ( www.rightfooted.com ), ela também tem sido incentivadora na Rede Internacional de Crianças Amputadas nos últimos cinco anos.
“Sei que será difícil ter uma família, mas sei que serei uma boa mãe.” Jéssica espera casar-se e ter filhos.
E diz entre risos: “Difícil vai ser para o pretendente pedir minha “mão” a meus pais”
“Não tenho braços, mas não é isso que determina até onde eu posso chegar“; “Nosso temor mais profundo não é que sejamos insuficientes, é que sejamos poderosos além da medida”.
“ O ser humano precisa ter momentos baixos na vida, para sentir, ainda mais fortes, os momentos emocionantes.” “ Quanto maior for a dificuldade, maior será a gloria.”
E a você, o que ainda te falta para “tocar” o céu?
Se superação tivesse um nome poderia ser “Sergio Zunder Wasbus“. Ele nasceu em sete de fevereiro de 1964 e é portador de Neurofibromatose de Von Rinckinglausen T1, desde essa data. Essa "doença" não tem cura, os médicos não têm muitos conhecimentos a respeito do problema.
A Neurofibroma (NF) é uma formação de tumores nas células nervosa. Também, apresenta comprometimento nos ossos, tornando-os mais frágeis. As cirúrgias, quando feitas, são de difíceis decisão, pois os tumores podem estar localizados em pontos delicados do corpo humano.
Outro efeito da NF é que as pessoas que são portadoras têm um pouco de dificuldade de aprendizado e algumas até desistem de continuar os estudos em virtude de não conseguir boa assimilação. Além do outro sintoma, que é afeta muito o sistema nervoso e a coordenação motora.
No caso de Sérgio Zunder, ele passou por diversas cirurgias, desde a infância, onde algumas delas até com risco de vida. Em uma delas, a cirurgia foi intercraniana, isto é, abriram a cabeça para fazer o procedimento por dentro. Depois dessa, vieram muitas outras, em outras regiões do corpo. Atualmente, ele passou por uma cirurgia, onde o rosto foi reconstruído, e precisa continuar com o tratamento.
Porém, com tudo isso, esse exemplo de vida conseguiu se formar em Economia e fazer uma Pós-graduação em Administração Financeira. Hoje, Sérgio trabalha em uma Instituição Financeira.
Quanto à prática esportiva, devido aos seus problemas de saúde, ele deveria ter um pouco mais de consciência, pois não é possível fazer nenhuma atividade com um contato mais pesado. Porém, esse economista sempre demonstrou interesse em esportes de luta e treinou por muitos anos o Karatê estilo Shotokan, Aikido e Jiu Jitsu.
Mas foi no Kick Boxing e no Muay Thai que encontrou a sua grande paixão. Hoje esse lutador e exemplo de vida é faixa preta nessas duas modalidades.
Seus treinos são praticamente iguais aos de todos, tendo apenas a restrição do contato no rosto, e às vezes seus adversários pegam mais leve nos golpes na região das pernas. Entretanto, Sérgio realiza os treinos da parte física, técnica e combate como qualquer outro praticante.
Por não poder competir, esse guerreiro procura participar de outra forma dos eventos, fazendo parte do corpo de arbitragem, onde fica responsável por cronometrar o tempo das lutas e já trabalhou em vários eventos profissionais.
Atualmente, Sérgio é árbitro profissional e costuma realizar reciclagens para estar sempre atualizado.
Para estar mais participativo nos eventos de luta, Sérgio escreve para a Revista Pegada que é especializada em lutas. A cada edição tem, no mínimo, umas oito matérias desse experiente economista e faixa preta em Kick Boxing e Muay Thai. Essa revista não é vendida, e sim distribuída nos eventos e academias em São Paulo. Quem quiser ver seu trabalho é só entrar no site www.revistapegada.com.br.
Sempre ouvimos algumas pessoas que são negativas por natureza ou sentem prazer em desanimar os outros falando que não vamos conseguir, que isso não é para nós e por ai vai.
No caso de Sérgio Zunder não foi diferente. Para essas pessoas, segue o pensamento do atleta Ryan Gracie (falecido) que diz:
- Tenho duas satisfações na vida. A primeira é agradar os que gostam de mim; a segunda, talvez a mais importante, é contrariar os que estão contra mim, ou seja, torcida contra me dá mais prazer do que a favor.
Isso pode até parecer provocação, mas não é, isso é simplesmente um meio de gritar para as pessoas que elas querem, podem e conseguem!
Superação, sem medo de encarar desafios – por mais difíceis que sejam. Assim tem sido a vida de Lance Armstrong, este norte-americano de Austin, Texas, heptacampeão da Tour de France de Ciclismo.
Ele venceu a Tour de France por sete vezes seguidas, derrotou o câncer e tornou-se uma lenda do esporte.
Nascido em 18 de setembro de 1971, Armstrong começou a encarar competições bem cedo. Aos oito anos de idade, acordava às 4h30 todos os dias para praticar natação. Aos treze, já era campeão do Iron Kids Triathlon.
Descoberto por Chris Carmichael, Lance direcionou sua carreira para o Ciclismo. Quando completou 21 anos, sua vida deu uma volta de 180º, quando venceu o Campeonato Mundial de Ciclismo em Estrada. Sua carreira decolou e, aos poucos, o mundo começava a prestar atenção no precoce talento de Armstrong. Em 1993 participou, pela primeira vez, da Tour de France, onde venceu a etape de Verdun. Dois anos depois, descobre uma grande inflamação em sua virilha, e habituado a ignorar a dor não lhe deu importância, até que começou a vomitar sangue, a ter perdas de visão e enxaquecas. O diagnóstico foi terrível: câncer nos testículos e dois tumores, do tamanho de bolas de golfe, num pulmão e no cérebro.
Lance Armstrong não desistiu. Começou uma intensa batalha pela recuperação, com sessões de quimioterapia e radioterapia, enquanto alternava com treinamentos de ciclismo. A doença também lhe trouxe problemas profissionais, sua equipe Cofidis rescindiu o contrato e Lance teve que vender seu carro de luxo, e hipotecar sua casa para continuar tanto o tratamento quanto os treinamentos. No mesmo ano, numa entrevista ao New York Times, ele declarou: “Os médicos me dão apenas 40% de chances de viver. Mas eu garanto que retornarei às competições”.
A condição de deficiente físico mudou o sentido de vida e transformou a vida deste homem.
Quem vê Alarico Moura, o Ala, um jovem senhor de 64 anos, andando de bicicleta, surfando, ministrando palestras, posando para fotos se surpreende com a história desse paraatleta, que após a amputação da perna esquerda soube driblar as dificuldades e tornar-se um exemplo de vida.
O que impressiona nesse brasileiro é a habilidade de utilizar a seu favor as situações adversas que a vida lhe impôs. Reverter o jogo da vida é, de fato, uma qualidade dos fortes. Morador da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, ex-militar, viu sua vida transformada após um acidente – foi atropelado por um carro, enquanto andava na calçada -, que o deixou com semiparalisia. Após dois anos de hospitalização e a amputação da perna esquerda, chegou em casa com as difíceis tarefas de reaprender a andar e planejar uma vida com mais limitações.
Reaprender a andar ele cumpriu, num processo lento e de sofrimento. Quanto à vida de limitações, nem pensar. Por orientação médica, começou a se envolver com atividades físicas para obter condicionamento. Iniciou caminhadas com muletas, passou às corridas de até 15km, praticou ginástica em academia, patinação, natação, surfe, frescobol, futebol, caça submarina e tornou-se mergulhador profissional.
A partir de 1984, descobriu a bicicleta como forma de lazer e, daí para as corridas de ciclismo e de mountain bike, sua grande paixão, foram poucos passos, aliás, muitas pedaladas. Alarico mantém um ritmo intenso de treinamento, utilizando a bicicleta como meio de transporte e estilo de vida. Pedala diariamente cerca de 70 km. “Em 1994, filiei-me à Confederação Brasileira de Ciclismo e à Federação Estadual de Ciclismo e passei a participar oficialmente de vários eventos de ciclismo, dando início assim a uma série de conquistas”. Um detalhe é que não participava como deficiente físico, ele competia com atletas que tinham as duas pernas, na categoria sênior.
Ele coleciona não apenas vitórias esportivas. Entre os troféus e medalhas que forram sua prateleira, estão histórias e prêmios muito mais valiosos. O envolvimento com o esporte, que por si só já agrega a inerente condição de superação, acabou despertando a atenção das pessoas por onde passava.
Seu temperamento ajuda nesse sentido. Extrovertido e brincalhão, Ala impressiona por sua vitalidade e determinação. “Fui tomando, lentamente, a consciência de que podia de alguma forma, com a minha deficiência física e postura positiva diante da vida, influenciar e beneficiar outras pessoas.” – disse ele.
Isso foi se tornando evidente durante os passeios e treinos, pelas ruas e praias cariocas. “Pedalando com uma única perna, chamava a atenção dos que passavam e comecei a ser parado na rua por desconhecidos que pediam minha ajuda. Solicitavam que eu conversasse com parentes e amigos que passavam por momentos difíceis de reabilitação, recuperação de doenças ou depressão” – contou ele.
Quem conhece Ala percebe, com nitidez, sua alegria de vida que permite, inclusive, que brinque com sua condição. “Sou um mutante, como o Volverine” – relata ele, seguido de uma gargalhada.
Ele diz que agradece a Deus por tudo que lhe aconteceu, pois sua deficiência lhe permitiu enxergar de outro modo a vida. “Antes, eu era uma pessoa sem noção. Não tinha responsabilidade com nada, com o próximo, com o meio ambiente, com a família. Quando me vi na condição de deficiente físico, descobri o grande poder que possuo como ser humano. Todos nós somos importantes para o mundo. Hoje, só peço a Deus que me ajude a corrigir meus inúmeros defeitos” – afirmou ele.
Alá é um homem de muitas habilidades, é heptacampeão carioca de mountain bike. Foi ainda seis vezes campeão brasileiro e um dos escolhidos para carregar a tocha dos Jogos Parapanamericanos, disputados no Rio de Janeiro em 2007. É também diretor paradesportivo da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro (Facierj). Dentre suas atividades diárias, está a de artista plástico autodidata e premiado.
“Em vez de sofrer e de me lamentar, agradeço a Deus pela vida fantástica que eu tenho. Ser diferente é normal. Eu acordo muito feliz para a minha rotina de trabalho, porque eu levanto da cama todos os dias com o pé direito” – concluiu o bem-humorado Alarico.
Quando a carioca Fernanda Guerra começou a pegar onda, o homem não tinha ido à Lua, a música da moda era da Jovem Guarda, o ídolo das meninas era o ator francês Alain Dellon e a gíria usada entre os surfistas era putz grila. Tudo isso é passado hoje, mas o amor de Fernanda pelo esporte que começou a praticar com 11 anos, em 1960, continua o mesmo. “Adorava pegar a prancha e ir remando para o
mar, enquanto as meninas da época só queriam saber de fazer coques no cabeleireiro para irem aos bailes”, lembra
a primeira surfista brasileira.
Aos 53 anos de idade, Fernanda é mãe de Roberta, 35, e Flávia, 33, e avó de Antônia, um ano, filha de Roberta. Desde o nascimento da neta, ganhou o apelido carinhoso de “vovó do surfe”. Nada que a impeça de continuar a praticar o esporte ao lado de suas poucas e recentes parceiras. Uma delas, a campeã brasileira Andréa Lopes, 28, viajou com Fernanda em 1998 para a Costa Rica, em busca de ondas perfeitas. “Teve um dia que peguei uma onda radical de cinco pés”, vangloria-se Fernanda, referindo-se a uma onda de cerca de 15 metros de altura. As filhas nunca surfaram e criticam abertamente a mãe. “Você não acha que já passou da idade de ficar bancando a garotinha de praia?”, pergunta Roberta. “Você não acha que está coroa para ficar dando uma de surfista?”, emenda Flávia.
Fernanda nem se incomoda. Para conseguir feitos como o da onda da Costa Rica, costuma surfar diariamente, das 7h às 8h30, na Barra da Tijuca. Rotina semelhante à do tempo em que acompanhou o nascimento do esporte e viveu o momento mais romântico do surfe. Fernanda lembra que chegava do colégio e olhava pela janela do apartamento onde morava, na Praia do Arpoador, zona sul carioca. “Via o pessoal reunido com aquelas pranchas de madeira e lá ia eu”, conta ela, que fez curso para salva-vidas mirim e logo se interessou pelas ondas.
Tão logo começou a pegar onda, ela fez amizade com um grupo de 8 surfistas, todos com os cabelos longos característicos da época e as indefectíveis bermudas floridas. O pioneirismo de Fernanda não a transformava em vítima de brincadeiras machistas. “Não existia maldade. Eles me punham na prancha e eu pedia para me empurrarem no mar”, diz a surfista, que, apesar de ter 1,68m de altura, não tinha problemas com as pranchas de dois metros e 20 kg da época.
Se o fato de ser mulher não era motivo de preconceito, gostar de surfe era. Tanto que, volta e meia, Fernanda e sua turma tinham de se entender com a polícia. “Era normal rebocarem nossas pranchas”, resigna-se o também surfista e atual marido de Fernanda, o engenheiro João Cristóvão, 62 anos. A própria composição do grupo de amigos da veterana, porém, é uma prova de que pegar onda não é sinônimo de vagabundagem. Entre os pioneiros no esporte estavam o empresário Jorge Paulo Lehmann, o ator Arduíno Colassanti, irmão da escritora Marina Colassanti e Ricardo “Charuto” Dias, dono da grife de roupas Richard’s. Um pouco mais novo que eles, o carioca Ricardo Fontes de Souza, 50, o Rico, admirava os pioneiros. “Era uma tribo bem unida, companheirismo era a palavra de ordem”, lembra o surfista, hoje um bem-sucedido empresário do ramo.
Entre uma onda e outra, a turma fazia mariscadas na praia. “Eu espremia o limão e cozinhávamos em latas de margarina em cima das pedras”, conta Fernanda. A vocação para a culinária não foi desperdiçada. Hoje ela é dona de uma lanchonete que leva seu nome, na Barra, e é freqüentada
por artistas como Susana Werner e Priscila Fantin. Durante
o dia, quando não está lá, Fernanda pode ser vista com
uma de suas oito pranchas, fazendo o que mais gosta: “Enquanto eu puder andar, vou estar sempre em cima
de uma prancha”, garante
Se Lutas fossem disciplina escolar, o Sr. Roberto Leitão seria o que o professor Pasquale Cipro Neto representa pra nossa língua portuguesa moderna. Ou o que o dr. Dráuzio Varella faz pela Medicina brasileira.
Aos 72 anos de idade (quase 73), o Sr. Leitão é a maior referência viva em pesquisa e estudo de lutas do Brasil, talvez no mundo inteiro. Quem discordar, que o desafie. Para uma palestra ou para um treino mesmo. Na teoria ou na prática, ele vence e convence, provando literalmente por A + B que a beleza e funcionalidade das lutas são quase uma ciência exata, assim como a matemática. Todos os conhecimentos adquiridos em décadas como um respeitado engenheiro, o Sr. Roberto Leitão aplicou na mecânica dos golpes. E os resultados são impressionanantes, afinal não é em toda academia que você dá de cara com um senhor com mais de 70 anos se embolando em um rola atrás do outro com campeões como Shaolin, Vitor Belfort, Pedro Rizzo, Glover Texeira e vários outros ídolos do MMA que, se vacilarem, vão bater nas zilhões de chaves de pé que o Sr. Leitão domina como ninguém.
O primeiro casca-grossa que passou pelos ensinamentos do Mestre Leitão foi ninguém menos que Marco Ruas, que apesar de ser um dos melhores na trocação, precisava de um especialista em quedas e na luta agarrada. Buscou ajuda no lugar certo: judô, luta-olímpica, luta-livre, submission, física, matemática, simpatia e muito vontade de compartilhar uma inigualável sabedoria.
Você já deve ter ouvido falar da vovó que resolveu se tornar fisiculturista aos 59 anos de idade. Se ainda não ouviu falar, conheça melhor, a partir de agora, a atleta Sônia Moreira Ferraz, de São Paulo. Sônia é um daqueles exemplos de vida que servem de motivação para qualquer pessoa, de qualquer idade.
Hoje, com 67 anos e com um corpo inacreditável, Sônia carrega a responsabilidade de talvez ser a mulher mais velha do mundo a competir na categoria Figure Fitness, que valoriza os contornos femininos.
Essa história começou quase que por acaso. Já aos 59 anos de idade, Sônia praticava exercícios físicos rotineiramente, apenas para manter a forma, como nos contou o seu preparador físico Lincoln Malaszoviski. “A Sônia começou a fazer academia por necessidade, como qualquer pessoa. Após a segunda gravidez ela engordou e decidiu entrar em forma”, disse.
Aconselhada pelo filho, que já realizava treinamentos mais rígidos, Sônia resolveu aumentar a carga e tornar a musculação uma filosofia de vida. Demonstrando disciplina, a vovó atleta começou a surpreender o próprio treinador. “Quando eu vi que ela estava reagindo bem aos treinamentos, comecei a incentivar a Sônia a participar de competições”, disse Lincoln.
Para o treinador de Sônia, essa era uma oportunidade para divulgar o esporte e desvinculá-lo do uso de anabolizantes. Para Lincoln e para Sônia, nunca é tarde demais para mudar de vida, e nada é impossível se houver força de vontade. “Quando a mulher chega a uma certa idade, ela passa a entrar em depressão, pois sente que já fez tudo o que tinha fazer. Casou, criou os filhos e todos os objetivos ficaram para trás. Sempre é tempo para criar novos objetivos”, disse Sônia.
Essa mudança que transformou essa pacata senhora em uma atleta de alto nível foi mais significante do que todos imaginam. Antes de se dedicar ao esporte, Sônia sofria com duas doenças graves e agora está curada, segundo ela, por causa desta mudança radical. “Quando eu comecei a intensificar meu treinamento, tinha duas doenças consideradas graves. Estava com pancreatite aguda e púrpura, que causa inflamação nos vasos capilares, mas hoje estou curada das duas”, disse.
Através de sua história de vida, Sônia passou a dar palestras, inclusive para jovens. O começo de uma vida saudável aos 59 anos de idade talvez seja a esperança que muitas pessoas já imaginavam ter perdido.
Para Lincoln, a entrada de Sônia no esporte fez com que os atletas profissionais se mobilizassem em torno dela, deixando um pouco a competitividade de lado e admirando a superação desta “jovem” de 67 anos. “Hoje a Sônia é a atleta mais conhecida no Figure Fitness, e existe uma grande harmonia em torno dela”, afirmou o treinador.
E agora que você já conhece a história da vovó Sônia, saiba que os desafios dela ainda não terminaram. O próximo passo é pleitear um lugar no Guiness Book, o livro dos recordes, como a atleta mais velha do mundo a competir profissionalmente pela categoria Figure Fitness. Se depender de força de vontade, não será uma tarefa difícil para ela.
Sérgio Fortunato de Paula, o Sérgio "Negão", tem mais de 20 anos de pista e é o "vovô" do skate brasileiro aos 46 anos. Ele carrega em seu curriculum títulos e classificações em muitos campeonatos regionais, nacionais e internacionais desde 1985.
A carreira de Negão no shape começou aos 18 anos quando ele andou pela primeira vez de skate e se encantou pelo esporte. Aos 21 anos passou a participar de campeonatos, um na categoria amador e outros como profissional. No mesmo ano de 1985 conquistou seu primeiro título nacional em Guaratinguetá - São Paulo.
Dentre os resultados mais importantes estão o 5º lugar na França, 5º lugar na Inglaterra, 10º lugar na Alemanha e 3º lugar no X-Games Latin American de 2002 e 2003. Mas, para Negão o primeiro Campeonato Brasileiro que conquistou, em 1987, é o título mais valioso da carreira.
Sempre inovando e criando novas manobras, Sérgio "Negão" sempre impressionou muito nas pistas com suas apresentações. É o criador de uma das manobras mais cobiçadas e difíceis de ser realizada - o front side 540º. O "vovô" Negão Carrega em sua história a honra de ser o atleta mais velho do mundo em atividade profissional.
O Dr. Tuplet Seabra de Vaconcellos é um grande exemplo de vida para todos nós. Considerado o mais velho maratonista do mundo, para nossa surpresa, ele é brasileiro. Como de costume, não é valorizado apesar das incríveis qualidades que o diferenciam da quase totalidade dos outros mortais.
Hoje o Dr. Tuplet Seabra está com 95 anos de idade, tendo iniciado no mundo das corridas com 69, meio que por acaso…
Como assim iniciou aos 69 anos???
É isso mesmo. Um dia, pelos idos de 1981, o Dr. Tuplet foi convidado para participar da abertura de uma corrida na cidade de Cantagalo, Rio de Janeiro, cuja faixa etária era por volta dos 40 anos. Apesar de nunca ter praticado esportes, ele aceitou, e de calças compridas e sapatos resolveu correr os 12 Kms de prova. E venceu!
O fenômeno havia nascido para correr e a partir deste dia não mais parou. É o atual campeão mundial dos 800, 1.500, 5.000, 10.000 metros cross e 10.000 metros pista, colecionando títulos no Brasil e no exterior. Além disso, o Dr. Tuplet já participou de mais de 50 maratonas e 200 provas de 100 quilômetros.
No meio de tantos atletas, um homem tem uma missão maior. Seu filho quer participar, e ele vai atender o desejo do filho. A essa altura, você deve estar cheio de perguntas, tentando entender e até acreditar nesta história. Esta é a história de um pai que nunca desistiu de lutar pela felicidade do filho. Rick é o mais velho dos três filhos de Dick Hoyt. Durante o parto, o cordão umbilical se enrolou no pescoço. Faltou oxigenação no cérebro, provocando danos irreversíveis. Rick não pode falar ou controlar os movimentos de seus braços e pernas. Parecia condenado.
“Os médicos disseram: ‘Livre-se dele. É melhor interná-lo. Ele vai ser um vegetal o resto da vida’. Nós choramos, mas decidimos tratá-lo como uma criança normal. Ele é o centro das atenções e está sempre incluído em tudo”, conta Dick Hoyt.
Rick sempre teve amor, mas ninguém sabia até que ponto ele conseguia absorver e entender o que se passava a sua volta. A escola achava que ele não tinha capacidade de aprender. Os médicos também.
“Mas aí nós pedimos para os médicos contarem uma piada, e Rick caiu na gargalhada. Eles, então, disseram que talvez haja algo aí dentro”, lembra Dick Hoyt.
Cientistas desenvolveram um sistema de comunicação para Rick. Com o movimento lateral da cabeça, o único que consegue controlar, ele poderia escolher letras que passavam pela tela e, assim, lentamente, escrever palavras.
“Ele tinha 12 anos, e todo mundo estava apostando quais seriam as primeiras palavras da vida dele. Seriam ‘Oi, pai!’ ou ‘Oi, mãe!’?. Que nada! Ele disse: ‘Go, Bruins’, uma frase de incentivo ao Boston Bruins, time de hóquei”, conta Dick Hoyt
Rick participava de tudo. E foi assim que surgiu a idéia de correr.
“Um colega da escola sofreu acidente e ficou paralítico. Foi organizada uma corrida para arrecadar dinheiro para o tratamento. E Rick, através do computador, pediu: ‘Eu tenho que fazer algo por ele. Tenho que mostrar para ele que a vida continua, mesmo que ele esteja paralisado. Eu quero participar da corrida’”, lembra Dick Hoyt. “Eu tinha 40 anos e não era um atleta. Corria três vezes por semana, uns dois quilômetros, só para tentar manter o peso. Nós largamos no meio da galera, e todo mundo achou que a gente só ia até a primeira curva e ia voltar. Mas nós fizemos a prova inteirinha, chegando quase em último, mas não em último. Ao cruzarmos a linha de chegada, Rick tinha o maior sorriso que você já viu. E quando chegamos em casa, ele me disse, através do computador: ‘Pai, durante a corrida, eu sinto como se minha deficiência desaparecesse’. Ele se chamou de ‘pássaro livre’, porque então estava livre para correr e competir com todo mundo”.
Que pai não faria todo o esforço para levar tamanha felicidade a um filho? Dick começou a treinar, e eles resolveram participar de outras provas. Mas a recepção não foi boa.
“Ninguém falava com a gente, ninguém nos queria na corrida. Famílias de outros deficientes me escreviam e estavam com raiva de mim. Perguntavam: ‘O que você está fazendo? Procurando a glória pra você?’. O que eles não sabiam é que Rick é que me empurrava para todas as corridas”, conta Dick Hoyt.
E contra todos, eles foram em frente. Um ano depois, participaram da primeira maratona. Cinco anos mais tarde, veio a idéia do triatlo. Mas, para fazer triatlo com seu filho, Dick Hoyt tinha uma série de problemas para resolver.
Primeiro: equipamento. Não existia nada parecido no mercado. Todo o material de competição teve que ser desenvolvido. E a cada competição, Dick Hoyt tinha que chegar mais cedo para montar tudo.
Mas Dick Hoyt tinha um problema muito maior a resolver para poder fazer triatlo com o filho. Uma coisinha básica: ele não sabia nadar. Mudou-se para uma casa à beira de um lago e foi.
“Nunca vou esquecer o primeiro dia. Eu me joguei no lago e adivinha: afundei. Mas todo dia eu chegava do trabalho e tentava ir um pouquinho mais longe”, conta Dick Hoyt.
Entre o primeiro dia no lago e o primeiro triatlo, foram apenas nove meses. A questão da natação estava resolvida, mas Dick Hoyt ainda tinha mais uma dificuldade pela frente: já fazia um certo tempo que ele não montava numa bicicleta – desde os 6 anos de idade.
O ciclismo é a parte mais difícil para os Hoyt. A bicicleta deles é quase seis vezes mais pesada que a dos outros, sem contar o peso de Rick. Na subida, isso fica claro.
“Ninguém me ensinou a nadar, a pedalar ou a correr como um atleta. Nós simplesmente fizemos. Do nosso jeito”, comenta Dick Hoyt.
Do jeito deles, pai e filho enfrentaram os mais incríveis desafios. O mais impressionante: o Iron Man, no Havaí, o mais duro dos triatlos. São 3,8 mil metros de natação, 180 quilômetros de ciclismo e uma maratona inteira no fim: 42,195 quilômetros de corrida em mais de 13 horas de um esforço sobre-humano.
Dick e Rick venceram a desconfiança. Hoje são queridos onde chegam. Recebem incentivos dos outros competidores a todo instante e até agradecimentos.
“Vocês são incríveis. Obrigada”, diz uma triatleta.
Um rapaz diz que resolveu fazer triatlo por causa deles: “Hoje foi minha primeira corrida e eu gostaria de agradecê-los por serem minha inspiração”.
“É de emocionar, porque você começa a refletir o que tem feito da sua vida”, comenta uma mulher.
“É a parte mais fenomenal do triatlo. É incrível o que esse homem faz com seu filho”, elogia outra mulher.
“Ele é um grande homem. Ele tem coração, é um bom homem”, ressalta um atleta.
Desde 1980, foram seis edições de Iron Man, 66 maratonas e competições de diversos tipos. Pai e filho completaram 975 provas juntos. Jamais abandonaram uma sequer e nunca chegaram em último lugar. Eles têm orgulho de dizer: “Chegamos perto do último, mas nunca em último”. Sempre com o mesmo final apoteótico: público comovido, braços abertos e aquele mesmo sorriso enorme na linha de chegada.
Atualmente, Rick tem 46 anos. Com o movimento da cabeça, escreve no computador frases que serão faladas por um sintetizador de voz. É um homem bem-humorado. “As pessoas, às vezes, ficam olhando para mim. Eu espero que seja porque eu estou muito bonito”, brinca.
Rick formou-se em educação especial na Universidade de Boston. “Não dá para descrever a felicidade no dia da formatura. Foi minha maior realização. Eu mostrei para as pessoas que elas não têm que sentar e esperar a vida passar”, comenta.
Hoje ele não mora mais com o pai. Mora sozinho, com a ajuda de pessoas contratadas para dar assistência. E se você fica dois minutos com Rick, jamais vai esquecer o seu sorriso.
“Ele é muito, muito, muito feliz. Provavelmente, mais feliz do que 95% da população”, afirma o pai, Dick Hoyt, que escreveu um livro e criou uma fundação para ajudar outras pessoas com paralisia cerebral. Hoje o superpai tem 68 anos e impressiona pelo vigor que continua apresentando.
Aos 52, empurrando Rick, conseguiu o incrível tempo de 2h40m na Maratona de Boston, pouco mais de meia hora acima do recorde mundial. Marca excelente para um amador, sensacional para uma pessoa dessa idade e inacreditável para quem corre empurrando uma cadeira de rodas.
“Já me disseram para competir sozinho, mas eu não faço nada sozinho. Nós começamos como um time e é assim que vai ser. O que importa para mim é estar aqui e competindo ao lado do Rick”, afirma Dick Hoyt.
Por isso, eles se chamam “Team Hoyt” – o time Hoyt, a equipe Hoyt. Pai e filho, inseparáveis. Richard Eugene Hoyt e Richard Eugene Hoyt Junior: uma mensagem viva para o mundo.
“Nossa mensagem é: ‘Sim, você pode’. Não há, no nosso vocabulário, a palavra ‘impossível’. Esse é o nosso lema. E nós continuaremos com ele até o fim”, garante Dick Hoyt